25/7 DianInternacional de la Mujer Negra Latino-amerciana y Caribeña
Prezadas e prezados,
Saudamos a todas as mulheres negras, latino-americanas e caribenhas pelo nosso dia: 25 de Julho Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela. Compartilhamos abaixo o artigo da secretária de Políticas para as Mulheres Silmara Conchão, que fala sobre a importância da data:
25
DE JULHO: DIA INTERNACIONAL DA MULHER NEGRA, LATINO AMERICANA E
CARIBENHA E DIA NACIONAL DE TEREZA DE BENGUELA E DA MULHER NEGRA
(...) “a gente nasce preta, mulata, parda, marrom, roxinha dentre outras, mas tornar-se negra é uma conquista”. (Lélia Gonzalez)
Em
abril de 2014 a Câmara dos Deputados, aprovou a proposta do Senado que
institui o dia 25 de julho como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da
Mulher Negra. Foi aprovada também, a inclusão, no calendário
comemorativo brasileiro o 25 de julho Dia Internacional da Mulher Negra
Latino-Americana e Caribenha. Com esses Projetos de Lei aprovados, o
Brasil reafirma a importância da data
que foi instituída no calendário feminista no 1º Encontro de Mulheres
Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, que aconteceu em 1992, na
República Dominicana.
Iniciativas como estas vêm de encontro à necessidade do reconhecimento da história das mulheres negras que estiveram no centro das lutas e movimentos sociais e culturais. Pouco conhecemos sobre nossas heroínas negras: Dandara, Luíza Mahin, Carolina Maria de Jesus, Mãe Menininha, Laudelina Mello, Tereza de Benguela e tantas outras.
Tereza
de Benguela é considerada uma grande guerreira mato-grossense e símbolo
da resistência negra no Brasil colonial. Uma liderança quilombola que
viveu no século XVIII, companheira de José Piolho, que chefiava o
Quilombo do Quariterê, nos arredores de Vila Bela da Santíssima
Trindade, Mato Grosso. Quando José Piolho morreu, Tereza assumiu o
comando daquela comunidade quilombola e liderou levantes de negros (as) e índios (as) em busca da liberdade revelando-se uma grande líder.
Apesar
da pouca representatividade na história oficial do país, Tereza é
comparada ao líder negro Zumbi dos Palmares, a “Rainha do Pantanal” do
período colonial. Sobreviveu até 1770 e não se sabe ao certo como
morreu, mas morreu lutando.
Ainda hoje é preciso muita luta para superar os graves problemas sociais e de saúde que atingem a população negra. O
racismo, uma lógica em que uma raça se organiza para oprimir outra
raça, é revelado através da exclusão territorial, social, cultural,
econômica e política. A mulher negra acaba sofrendo uma dupla opressão: o
racismo e o machismo que desumaniza homens e mulheres.
Numa
sociedade construída a partir do racismo e do patriarcado, após séculos
de exploração de seus corpos e de suas vidas, ainda há um processo de
coisificação e/ou erotização, hiperssexualização e apropriação dos
corpos das mulheres negras.
Os
estudos de gênero sugerem que devemos pensar o feminino não como uma
identidade natural, mas como sendo constituído através de uma estrutura
que só pode ser compreendida se for contextualizada e se forem
consideradas outras categorias como classe, raça e etnia.
Segundo
Judith Butler, filósofa feminista estadunidense que desafia as
classificações consagradas sobre as identidades, “se tornou impossível
separar a noção de “gênero” das intersecções políticas e culturais em
que invariavelmente ela é produzida e mantida”.
Numa
sociedade democrática que busca respeitar as diferenças de raça, etnia,
gênero e orientação sexual, há que se questionar o abuso de poder que
hierarquiza, determina e segrega as relações na sociedade. Lugar de
rico, lugar de pobre, de branco, de negro, lugar de homem e lugar de
mulher. Este mapa ainda é bem delineado. Será o apartheid contemporâneo?
Participar
do 25 de Julho é uma tarefa do movimento negro e de todas as pessoas
que compreendem a importância dessas lutas que a maioria ignora por
ignorância, por interesse de manter o sistema como está ou por não lhe
servir. Histórias que as escolas não me contaram e ainda não contam.
O
principal objetivo da data é jogar luz às lutas das mulheres negras, e
assim, ampliar e fortalecer a sua organização e sua identidade. A
contribuição das mulheres negras é inegável, promoveu força produtiva,
intelectual, cultura, saúde, educação, política e arte. Reconhecer essa
presença faz jus ao passado e ao presente.
Um salve à resistência das mulheres negras e à memória das mulheres quilombolas que lutaram pela liberdade do nosso povo e ajudaram a construir o patrimônio social e cultural brasileiro. Um “Afro Abraço”!
Silmara
Conchão. Secretária de Políticas para as Mulheres da Prefeitura de
Santo André. Professora universitária, socióloga, feminista e autora do
livro: Masculino e Feminino - a primeira vez (Ed. Hucitec, 2011).
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